Isto é péssimo. Uma pessoa que vive inteiramente na zona de conforto, não vive. Ponto. Anda constantemente rodeada do receio de tudo o que é novo, de tudo o que não conhece. Eu sou essa pessoa. Essa pessoa que até tem consciência disso e que escreve sobre isso as 1h30 da manhã.
Acontece no entanto que a zona de conforto é calma, não magoa, não assusta e não causa pressão. O que é, é, e assim continua a ser. É o conhecimento de conhecer o que já se conhece. Se se vai a algum lado? Provavelmente não, mas também não se anda para trás. Talvez se fique para trás, isso sim, dando sentido ás próprias das palavras e usando a literalidade que as mesmas apresentam ao Mundo.
Sair da zona de conforto pode ser tão, ou mais, assustador do que a Pandemia chegada em Março a território Português. Certo é, mais ainda para muito boa alma. Mais depressa se assume o fator de usar uma máscara no rosto eternamente do que assumir uma vida amorosa não existente para o futuro. Ambas as partes têm a sua cota parte de perturbador para o vivente da zona de conforto. Ambas são novas. Ambas por descobrir sem ponte fixa para atravessar. Mas o grande truque para sair de fininho da zona de conforto, passa pela adaptação do grande ditado português: primeiro estranha-se, depois entranha-se. Se me contassem que hoje em dia preferia Instastories a posts fixos ou que trocaria as sapatilhas com caveiras pelos saltos altos com glitter, eu diria que não me conheciam profundamente. A mim, aquele ser fantástico que adora ficar debaixo da pedra que é a zona de conforto em que vive. Mais reconfortada que eu, só mesmo a malta “horder” que já não consegue sair do sofá porque na realidade bloquearam o caminho com pilhas de jornais velhos que ninguém lê. Se me perguntarem se é bom ou vale a pena, posso dedicar uma quantas palavras de verdade que afirmam que mal, mal não é, sabendo sempre com o que contar é apetecível, mas não é assim que o Mundo foi feito. Que curiosas minhoquinhas rastejantes seriamos nós se não saíssemos da zona de conforto desde que aprendemos que se temos fome e não formos á procura de comida, a coisa corria mal. Eu, no meu caso, se tivesse nascido na idade da pedra, comparo as minhas ações com o ser comida por um predador qualquer porque me deixei ficar por ali ou a morrer de fome porque me deixei ficar ali. Estão a ver o cenário, não estão? Hoje em dia é igual, mas com uma vestimenta mais jeitosinha e um supermercado ao virar da esquina. Valha-nos a teoria do ” não mexe que assim está bom”. Não está, mas vamos lá fingir que sim para não mexer muito.

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